A logística ganha a guerra? Impactos e tendências com a pandemia

Visualizando a logística atualmente

Desde muito tempo, a logística é um setor indispensável para a economia de qualquer país, uma vez que é responsável pela armazenagem, movimentação, carga e descarga de mercadorias, matérias-primas e insumos em geral. Ou seja, ela envolve todas as etapas que integram a cadeia de suprimentos.

Nas últimas semanas tem sido muito impactante acompanhar os esforços de governos e agentes públicos para distribuir as vacinas contra a Covid-19 em todo mundo. Esta distribuição, coordenada pelos especialistas em logística, tornou-se uma operação de guerra e um fator decisivo no combate à pandemia e seus reflexos.

Nos últimos meses, observamos um verdadeiro “boom” das vendas por meio de canais digitais e lá estava a logística novamente fazendo a diferença com a distribuição de alimentação pronta, medicamentos, bens de consumo duráveis e não duráveis e tudo mais de que a população reclusa necessitou.

Nunca se observou a logística de forma tão atenta como nos dias atuais. Isso tem valorizado a sua importância nas relações de consumo.

Mas o que estas novas percepções afetam a logística no pós-pandemia? Quais são as práticas mais promissoras nesta área?

Vamos aproveitar este momento e refletir sobre tendências e oportunidades neste importantíssimo setor.

Os maiores impactos da pandemia na logística

A pandemia do novo coronavírus e o isolamento social estão impactando diretamente a vida das pessoas e os setores da economia, incluindo, é claro, o segmento de logística e transporte. Com isso, as empresas estão tendo que se reestruturar e criar soluções para manter a cadeia de suprimentos organizada e minimizar os prejuízos.

Citamos aqui algumas destas influências:

  • Aumento das vendas on-line

Com o fechamento total ou parcial das lojas físicas, um novo público foi estimulado a comprar pelos canais digitais. Estima-se que o consumo via e-commerce cresceu mais de 50% na América Latina nos últimos meses e que o Brasil tem registrado a abertura de mais de uma loja virtual por minuto. Este fenômeno pressionou toda a cadeia logística, mas foi no “last mile” que o desafio foi maior.

  • Busca por um Marketplace

Milhares de pequenos lojistas passaram a procurar desesperadamente pelas grandes plataformas de venda eletrônica como solução para o fechamento temporário de suas lojas físicas. O mercado de marketplaces no Brasil já tinha um alto potencial de crescimento. A pandemia impulsionou este crescimento e obrigou os principais players a ampliar sua malha logística de distribuição.

  • Lojas viram pontos avançados de distribuição de produtos

Com lojas fechadas e vendas em alta dos canais digitais, o jeito foi transformá-las em estoques avançados de produtos e otimizar o prazo de entrega a partir das lojas. No pico da pandemia em 2020, esta foi a solução adotada pelo Magazine Luiza, que transformou 700 das suas 1.100 lojas em pequenos estoques e passou a atender 35% de suas entregas totais em 24h.

  • Transporte internacional de cargas interrompido

O fechamento de fronteiras imposto pela pandemia e a consequente queda na quantidade de voos provocaram um grande estrangulamento das cadeias produtivas no primeiro semestre de 2020. A falta de insumos e o desbalanceamento de estoques obrigaram muitas indústrias a suspender temporariamente a produção de parte de seus produtos. Gradativamente a situação de voos e rotas marítimas voltam à normalidade e está em curso uma reorganização da cadeia de suprimentos. Novos modais e novas rotas logísticas foram desenvolvidas para fazer frente ao novo cenário.

  • Aumento de reclamações de entregas

Com a explosão de vendas no e-commerce durante a pandemia, outros problemas ligados à logística começaram a surgir para muitas empresas. O Procon-SP relata crescimento de 208% nas reclamações de pedidos on-line, sendo o atraso na entrega o principal motivo. Mais pressão sobre a área de logística, que precisa dar respostas à queda do nível de serviço.

  • Maior e melhor higienização nos processos logísticos

Um dos aspectos que tornaram a Covid-19 uma realidade é que sua disseminação é extremamente fácil e rápida. Nesse sentido, todo cuidado é pouco quando o assunto é higienização de produtos em transporte. Novas rotinas foram adotadas no momento de armazenar, embalar e transportar os produtos. A ordem é proteger todos de sua equipe, além de parceiros, prestadores de serviços e o consumidor.

As práticas logísticas que cresceram como soluções na pandemia

Toda crise gera oportunidades. Esta máxima mexeu com o mundo da logística, que procurou soluções para acelerar melhorias e adaptações à nova realidade.

Gostaríamos de nos concentrar em uma prática existente no mercado que vem chamando a atenção das empresas: a logística compartilhada.

A logística compartilhada já está em pauta há algum tempo, assim como a terceirização. Esses temas têm relação direta com uma das maiores lições que a pandemia trouxe: a visão colaborativa.

No cenário da crise, diversas empresas formaram parcerias, expandiram seus negócios e conseguiram aumentar suas receitas.

Com base no conceito de economia colaborativa, a logística compartilhada trata-se de uma parceria entre empresas que possuem objetivos ou necessidades em comum e visam a otimização do processo logístico.

Como funciona a logística compartilhada?

Temos exemplos de economia colaborativa como Uber, Airbnb e iFood. Logo, para pensar em como funciona a prática da logística colaborativa, aplica-se a funcionalidade dessas empresas aos processos logísticos.

Com essa lógica, é possível pensar em uma empresa que disponibilize para outra uma parte do seu armazém ou que divida o custo de transporte, usando os mesmos veículos para a distribuição de seus produtos.

Citamos as práticas mais realizadas na logística compartilhada.

  • Centro de distribuição compartilhado

O centro de distribuição é o local de armazenagem onde ocorre o manuseio e a gestão de produtos.

Muitas empresas não ocupam 100% do espaço do seu armazém ou ele fica ocioso certo período do ano. Dessa forma, duas empresas podem chegar ao acordo de dividir o armazém ou uma pode negociar com a outra, terceirizando o serviço.

Compartilhar o centro de distribuição significa que um mesmo local de armazenagem pode ser utilizado para diferentes produtos de diferentes clientes.

A consequência é a redução de custos em tudo o que envolve a armazenagem e gestão: mão de obra, aluguel, luz e locação de equipamentos de movimentação, entre outros.

  • Veículos compartilhados

Essa é uma das práticas mais conhecidas. Ela se aplica tanto para veículos que estão sem uso no seu centro logístico, quanto para otimização das rotas.

Se uma empresa tem os veículos parados, outra empresa pode contratá-la para fazer suas rotas. Ao mesmo tempo, uma empresa que já faz suas próprias rotas pode fazer o frete-retorno com outro negócio, maximizando a ocupação dos veículos.

Benefícios da prática da logística compartilhada

  • Aumento da competitividade

Aumentar a competitividade é uma questão de sobrevivência no mundo dos negócios. A logística compartilhada aumenta a competitividade da sua empresa, trazendo novos parceiros, dividindo visões, adotando melhores práticas e possibilitando aprendizados mais rápidos. É o “fazer mais com o mesmo” agregando valor e otimizando o uso dos ativos de armazenagem e transportes das empresas.

  • Redução dos custos

Reduzir custos virou palavra de ordem em período de pandemia. Fazer parcerias ajuda a reduzir os custos operacionais da logística das empresas. Para compartilhar, é preciso conhecer profundamente seus custos que deverão ser revisados. O compartilhamento trará economias naturais em armazenagem e transportes porque permite ocupar a ociosidade das empresas.

De Natalino Franciscato, gerente de Projetos da Gouvêa Consulting.

 

Fonte : mercadoeconsumo.com.br

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