Digitalização das atividades garante fôlego aos negócios na pandemia

Mais do que aproximar pessoas, internet se mostra essencial para a manutenção de vendas.

Apesar das compras on-line já serem uma prática comum do consumidor brasileiro, muitas marcas grandes e pequenas de diferentes segmentos evitaram ou adiaram a entrada nesse mercado por bastante tempo. Essa realidade foi completamente transformada pela pandemia de Covid-19, quando a restrição à circulação das pessoas precisou ser rompida e a migração das vendas para o comércio eletrônico tornou-se necessidade.

Neste cenário, até mesmo gigantes como a Zara tiveram que redesenhar suas estratégias de vendas. A entrada da empresa no e-commerce em solo brasileiro foi iniciada em 2019, antes da pandemia, em atenção às necessidades do consumidor que prefere a comodidade de realizar compras pela internet. Mas a aposta global nesse modelo de negócio ganhou novos contornos em 2020, com o desafio de ampliar as vendas digitais, com estratégias que inclui o encerramento de pontos com menos movimento.

Na capital goiana, a Zara localizada no Passeio das Águas Shopping será fechada, restando apenas a do Shopping Flamboyant, com localização estratégica e maior fluxo de clientes. O plano se repete em outros estados e das 56 lojas em operação no Brasil restarão apenas 49, que passarão por ajustes para aquecer o mercado on-line. A ideia é que o consumidor tenha cada vez mais conforto para a compra, por isso, o próximo passo dessa e de outras empresas deve ser a incrementação dos canais logísticos.

A vez do e-commerce

O investimento em centros de distribuição e logística tem sido um dos focos das gigantes do e-commerce, responsáveis por aproximadamente 80% de todo o faturamento do segmento no país, que cresceu 122% em 2020 (no acumulado do ano até novembro). Na região centro-oeste, o crescimento do faturamento acompanhou a média nacional e registrou aumento de 120%, mostra o indicador de consumo on-line da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico.

 

 

Fonte: MCC-ENET

O MCC-ENET mostra ainda o aumento na penetração dos consumidores na população de internautas no Brasil que chegou a 8% no terceiro trimestre de 2020. Esse indicador compara a quantidade de internautas que realizaram, no mínimo, uma compra on-line nos últimos três meses, em relação ao total de internautas do país.

Já na comparação do índice de vendas on-line em novembro de 2020 ante 2019, a região centro-oeste registrou aumento de 63%, ficando atrás apenas do Nordeste, que teve crescimento de 82%. O conjunto de indicadores de vendas do mercado on-line brasileiro inclui todas as vendas de bens de consumo e entretenimento, excluindo dados de MercadoLivre, viagens/turismo, anúncios (veículos, imóveis, etc.), e aplicativos de transportes e alimentação.

Conceito Multicanal

A varejista goiana Novo Mundo aproveitou o momento de transformação impulsionado pela pandemia para acelerar a implantação do conceito multicanal “Novo Mundo. com”. São 23 unidades que oferecem o mesmo preço praticado no e-commerce em todos os produtos; a opção de adquirir os itens por meio de totens de autoatendimento, além de integrar o omnichannel e proporcionar mais praticidade ao cliente, que também pode realizar a compra pelo site e retirar o produto na loja.

Diretor da Novo Mundo Digital, Matheus Sepulveda, explica que o grupo trabalha com vendas on-line desde 2001 e, durante a pandemia, passou a explorar mais ainda a venda multicanal disponibilizando para os vendedores a possibilidade de vender por whatsapp. “Além disso, também aceleramos nosso projeto de marketplace, disponibilizando todos os nossos meios de vendas para que parceiros pudessem anunciar e vender. Isso ajudou aqueles que ainda não tinham uma operação on-line bem consolidada a continuar vendendo durante a pandemia, ou a vender mais através de um novo canal”.

“A NovoMundo.com tem apresentado pontos relevantes e importantes. A primeira importância, que a gente já viu logo no início do projeto, é a experiência de compra que o cliente tem quando ele entra em uma loja com a possibilidade de comprar sem barreira nenhuma. O cliente hoje consegue escolher qual é o canal que ele quer comprar, seja na loja, site, App ou até mesmo no totem de autoatendimento das lojas, gerando uma experiência voltada para tecnologia. ”

A mudança do conceito de vencedor para consultor também foi feita, com o intuito de gerar um atendimento simples e sem nenhuma barreira para o cliente. “Substituímos o formato padrão de vendas, ou seja, a mesma pessoa guia o cliente durante todo o processo da compra. Essa jornada na loja ficou mais confortável para o nosso cliente, com uma única pessoa que atende, tira as dúvidas e gera a solução para o consumidor”, explica Matheus.  A expectativa é que no ano de 2021 todas as lojas estejam nesse novo formato multicanal.

“Mesmo com a reabertura das lojas, essas vendas on-line não caem, pois, esse cliente se transformou em um consumidor multicanal, ou seja, uma pessoa que navega entre esses canais de vendas. E esse é o nosso objetivo, deixar essa fluidez para o cliente escolher o canal sem atrito e com a mesma experiência”, aponta o diretor da Novo Mundo Digital.

Digitalizar não é o futuro, é o presente

A gerente de Relacionamento do Mega Moda, Aline Lobo, conta que o Grupo Mega Moda, formado pelos shoppings atacadistas Mega Moda Shopping, Mega Moda Park e Minimoda, apostou no lançamento de uma loja digital de moda atacadista para acelerar as vendas em meio à pandemia. A proposta é proporcionar ao comprador atacadista algo 100% integrado, permitindo que ele conheça todas as lojas do complexo e tenha mais opções de escolha.

Porém, diferente de um marketplace, a efetivação da compra continua sendo diretamente com o lojista. “Assim que os shoppings fecharam por conta da pandemia iniciamos o atendimento drive thru e em seguida percebemos o braço da digitalização de vendas”, explica Aline. Atualmente, 300 lojas utilizam o serviço gratuito que funciona dentro do site dos empreendimentos, como uma espécie de cardápio digital. “É uma vitrine bem completa com todas as novidades que já direciona o comprador para o WhatsApp do lojista. ”

A meta é chegar a 500 lojistas utilizando a loja digital, com um aumento de aproximadamente 20 novas lojas por dia no site. “Acreditamos muito nesse canal e a ideia é que ele continue e seja aprimorado. O formato veio para ficar e não temos medo dessa concorrência com a loja física, é um complemento. Os lojistas vendem para clientes que não podem vir a agora e aqui já estão também os despachantes de mercadoria, o que agiliza o processo”, detalha a gerente.

Em relação aos resultados, o site já é responsável por cerca de 30% a 40% das vendas. Enquanto a loja física chegou a registrar 70% de queda no ano passado com o fechamento do comércio. “Teve lojista que vendeu mais no on-line do que presencial, com muita ênfase no atacarejo que é incentivado”, conta Aline. Sobre o futuro, o grupo não descarta o marketplace, mas no momento a dinâmica esbarra na questão do tempo de produção das peças.

“Estamos desenvolvendo esse lojista para entender o tempo do comprador on-line, que é diferente. Hoje, a produção é semanal e sempre tem novidades, então isso precisa ser aprimorado. O shopping não ganha nada neste processo, fazemos o trabalho da loja digital e explicamos para os lojistas a importância de atualizar o estoque e nesta relação com os compradores”, conta Aline.

Para maximizar a visibilidade da loja também são realizadas diversas ações com influenciadores digitais. “Quando chamamos influenciadoras como a Thays Jubé alcançamos o osso público alvo que é feminino, consumidor dessa moda da 44 e que também empreende. Elas conversam muito com essa mulher que quer empreender, então a assertividade é muito grande. Acreditamos que esse mercado só vai evoluir. Digitalizar não é o futuro, é o presente. ”

Vendas

A vendedora da loja Bella Fashion no Mega Moda Park, Victoria Elis Marinho Monteiro, aprova a experiência com a digital. “A nossa experiência com a loja digital tem sido ótima, tivemos bastante retorno e estamos gostando demais. Além disso, esse novo canal digital aumentou consideravelmente a visibilidade da loja em todo território nacional, principalmente com as ações de marketing, e também ampliou nossos clientes, pois com o on-line conseguimos vender para todo o Brasil”, conta.

As vendas on-line estão sendo realizadas desde maio de 2020 e, segundo Victoria, a expectativa com o mercado digital é positiva. “Nosso objetivo é crescer mais, sempre investindo no meio on-line. No pós-pandemia, vamos continuar a investir e estimular essa forma de venda” relata a vendedora. “Não tem sido fácil enfrentar a pandemia. No entanto, sempre buscamos outras alternativas para continuar com a vendas”, explica a vendedora.

 

Fonte : jornalopcao.com.br

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