A primeira sociedade “cashless” do mundo, a China é também, com larga vantagem, o maior mercado mundial para compras online. De acordo com estudo da Research and Markets, em 2019, 49% dos pedidos online feitos em todo o planeta foram registrados na China.
Produtos de moda, eletroeletrônicos e itens de beleza são, sabidamente, os mais vendidos por esta plataforma, não só na China, mas em todo o planeta. O fator novo, neste ultracompetitivo mercado, é a disputa que os grandes players de comércio eletrônico na China estão travando pelos corações e mentes dos produtores rurais, que passaram a vender sua produção diretamente para supermercados ou consumidores finais por plataformas online.
Apenas uma plataforma de vendas online, o Pinduoduo, registrou vendas de US$ 9,3 bilhões em 2019, de produtos hortifruti oferecidos por camponeses às cidades chinesas via sua plataforma.
O método é uma pequena revolução para produtores familiares que, antes, vendiam sua colheita para atravessadores, que as revendiam a centros de distribuição, que as comercializavam com supermercados onde, enfim, o consumidor final adquiria os grãos, legumes e hortaliças.
A venda direta do produtor para o consumidor final (ou para supermercados nas cidades), no entanto, impõe vários desafios, além dos logísticos. Em comunidades remotas, os produtos são altamente perecíveis, pouco padronizados e cultivados em pequena escala. Atravessadores, embora tomassem para si boa parte do lucro, assumiam parte dos riscos de revenda e se responsabilizavam por organizar as entregas na cidade.
Agora, produtores podem obter maior renda, mas precisam se qualificar para cumprir tarefas antes executadas por terceiros. São novas habilidades requeridas do produtor chinês: criar marcas para seus produtos, organizar a logística de distribuição, estabelecer padrões de qualidade para venda de sua produção e desenvolver métodos cooperativados que assegurem oferta perene de produtos nas plataformas eletrônicas.
A entrada nas vendas online acompanha uma série de transformações tecnológicas que tem impactado a vida no campo chinês, que registra o maior êxodo rural da história. Estima-se que só nas últimas três décadas, 400 milhões de pessoas tenham deixado o campo para viver nas novas grandes cidades, como Shenzhen.
Para dar conta de produzir mais comida para as cidades com menos gente no campo soluções inventivas como a automação de tarefas agrícolas, como semeadura e fertilização feita por robôs e colheita feita por drones, têm recebido forte investimento, como é o caso da XAG, startup de robôs e drones para trabalho no campo, com sede em Guangzhou, que já vale US$ 4,2 bilhões.
É indiscutível que a chegada de grandes empresas nas regiões mais afastadas dos grandes centros tem ajudado a aumentar a renda dos agricultores. O modelo de negócios nas comunidades rurais está mudando e o desafio dos produtores locais é conseguir se adaptar rapidamente e absorver uma nova cultura de negócios.
Fonte : uol.com.br