Fernando Simões, da JSL: “O custo Brasil nunca impediu o grupo de crescer”

Mesmo com toda a volatilidade, os desafios do Brasil são proporcionais às oportunidades

O pai cuidava de cabras em um sítio em Portugal, migrou para o Brasil na década de 50, comprou um caminhão para fazer entregas de verduras e 25 anos depois tinha a maior empresa de logística do País, a JSL (JSLG3). O filho começou a trabalhar com ele aos 14 anos, estudou só até os 16 anos e ajudou a impulsionar o negócio que se transformou na holding Simpar (SIMH3), dona de sete companhias que controlam 30 empresas com mais de 40 mil funcionários.

A história do empresário Júlio Simões, que chegou ao Brasil quando tinha 23 anos, e de seu filho Fernando, mostra o sucesso do empreendedorismo que começou no período em que o País começava a entrar na fase de industrialização.

O grupo passou por várias crises econômicas, mas nunca deixou de buscar novas oportunidades de negócio. Dissonante de muitos empresários que apontam o chamado “custo Brasil” como fator que trava investimentos, Fernando Simões, CEO da Simpar, diz que essa característica “nunca impediu o grupo de crescer”, assim como as flutuações do câmbio e a falta de infraestrutura.

Mesmo com toda a volatilidade, os desafios do Brasil são proporcionais às oportunidades”, afirma o executivo de 55 anos, dos quais mais de 40 trabalhando na empresa criada pelo pai. Mas, em outro tema, ele faz coro com a grande maioria do empresariado. “Torço por uma reforma tributária”, afirma, ao ser questionado sobre o que espera do novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva, que assume em 1.º de janeiro. A seguir, trechos da entrevista.

O grupo Simpar chegou aos 66 anos como uma das maiores companhias brasileiras. Como nasceu esse negócio familiar?

Meu pai era filho de caseiros de uma quinta (sítio) em Portugal e cuidava de cabras desde os sete anos. Aos 23 anos, migrou para o Brasil com um tio. Trabalhou como mecânico e vendedor de roupas até comprar um “caminhãozinho” para fazer entregas de verduras, três anos após sua chegada ao País. Depois foi comprando outros caminhões e criou uma transportadora, a JSL.

Quando o sr. começa a atuar na empresa?
Eu comecei a trabalhar aos 14 anos, primeiro em meio período, e aos 16 anos, quando parei de estudar, em período integral. Eu adorava ficar perto do meu pai e não gostava de ir à escola. Minha formação foi na empresa. Naquele período a JSL tinha 16 filiais, 120 caminhões, 280 colaboradores e uma grande reputação: tinha crédito e boa relação com os clientes. Aos 20 anos fui para a área comercial, e começamos a diversificar o negócio de acordo com as necessidades dos clientes que iam além do transporte. Fomos descobrindo que precisavam alugar automóveis, financiamento, terceirizar suas frotas etc. Em 2000, nos tornamos a maior empresa de logística rodoviária do País, com o maior portfólio de serviços.

Em que ano o sr. assumiu o controle do grupo?

Foi em 2001. Meu pai continuou acompanhando tudo e a tomar decisões. Ele faleceu em 2012, aos 84 anos. Em 2010 abrimos o capital. Três anos depois compramos a Movida e várias outras empresas de ramos variados, como rede de concessionárias. Mais tarde, começamos a separar as unidades de negócio da JSL em empresas independentes. Em 2020 fizemos uma reorganização societária e criamos a Simpar, holding que hoje controla sete companhias – entre elas a JSL, a Movida e a Vamos, as três listadas na Bolsa de Valores. O grupo hoje envolve 30 empresas.

Como está o desempenho da companhia?

Este ano devemos ter um crescimento de receita por volta de 40% a 50%. Se anualizar, no futuro teremos crescimento maior ainda. No terceiro trimestre tivemos receita anualizada de R$ 31 bilhões e Ebitda de R$ 8 bilhões. Nosso capex (despesas de capital) líquido, nos últimos 12 meses, está por volta de R$ 12 bilhões. Cerca de 90% das principais indústrias de vários segmentos, como alimentos, mineração, agronegócio, papel e celulose são nossos clientes.

Fonte : https://www.infomoney.com.br/negocios/fernando-simoes-da-jsl-o-custo-brasil-nunca-impediu-o-grupo-de-crescer/

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