Volume de vendas não acompanha aumento de circulação no comércio e serviços

Circulação em restaurantes, cafés, shopping centers, parques temáticos, museus, bibliotecas e cinemas cresceu 12% entre junho e setembro.

Fortemente atingidos pela pandemia de covid-19, os setores de comércio e serviços já demonstram tendência de recuperação da circulação de pessoas aos níveis pré-pandêmicos, mas a atividade econômica e o volume de vendas não estão acompanhando o crescimento nos indicadores de mobilidade.

Segundo o relatório Mercado de Pagamentos em Dados, do Instituto Propague, em parceria com a área Economic Research da Stone, a média móvel de circulação em restaurantes, cafés, shopping centers, parques temáticos, museus, bibliotecas e cinemas passou de -20%, em junho deste ano, para -8,14% no final do terceiro trimestre. O estudo usou dados do Google para mostrar essa evolução e comparou os números com fevereiro de 2020, momento exato do início da pandemia.

“Apesar da melhora representativa nos medidores de mobilidade, o estudo apontou que a atividade econômica não retomou os patamares pré-pandemia. Entre os segundo e terceiro trimestres de 2021, houve uma queda de cerca de -0,4% no volume mensal médio transacionado no trimestre, com redução ainda maior na comparação com o mesmo trimestre de 2020, que ficou em -1,6%”, afirma Bernardo Piquet, diretor do Instituto Propague.

Supermercados e hipermercados registraram retração no volume de vendas de 0,9% entre os segundo e terceiro trimestres de 2021. O setor de combustíveis e lubrificantes apresentou queda ainda maior totalizando 1,5% a menos de vendas no terceiro trimestre de 2021.

Uma das quedas mais significativas no setor de comércio foi no setor de móveis e eletrodomésticos, com retração de 4,5% no volume de vendas.

O estudo mostra também que o setor de livros, jornais, revistas e papelaria chegou a setembro de 2021 com valores 35% menores do que os de fevereiro de 2020, mesmo com a mobilidade tendo aumentado significativamente.

Taxas positivas

No comércio, apenas o segmento de tecidos, vestuário e calçados apresentou taxa positiva, com crescimento de cerca de 5,8%.

Em setores relacionados a serviços, o estudo mostra que o volume de vendas cresceu cerca de 3% no comparativo entre a média mensal do segundo e o terceiro trimestres de 2021. Quando comparado com o mesmo trimestre de 2020, o crescimento foi de mais de 15%, mostrando uma recuperação mais expressiva do que aquela apresentada no comércio.

O setor de alojamento e alimentação cresceu cerca de 18,6% desde o segundo trimestre de 2021, ainda que siga operando em níveis aquém daqueles alcançados pré-pandemia: em setembro de 2021, o valor em sua média móvel anual seguia 20% menor do que o valor registrado em fevereiro de 2020.

Um outro setor de serviços que apresentou crescimento com o aumento de circulação das pessoas foi o de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio, atingindo um patamar cerca de 7% maior daquele observado em fevereiro de 2020, com um expressivo aumento de mais de 18% na média mensal entre o terceiro trimestre de 2020 e o de 2021.

Recuperação lenta

O estudo mostra, no entanto, que apesar do expressivo aumento da mobilidade em locais importantes para o comércio e o serviço, de forma geral os setores estão se recuperando de forma lenta. Entre os fatores que explicam a lentidão do retorno da atividade econômica estão a inflação e a alta nos juros.

Fonte : https://mercadoeconsumo.com.br/2021/12/27/volume-de-vendas-nao-acompanha-aumento-de-circulacao-no-comercio-e-servicos/

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Sellers aggregators e o seu impacto no varejo digital

Já ouviu falar de empresas como Thrasio, Perch, Berlin Brands e Heyday? Elas lideram o emergente mercado de empresas agregadoras de marcas que operam por meio de marketplaces. Já foram mapeadas mais de 70 empresas como essas pelo mundo e que levantaram recentemente mais de US$ 7 bilhões em capital de risco para acelerar sua expansão.

O que é um agregador de sellers
Tais empresas agregadoras têm como modelo de negócio fazer a aquisição de diversas marcas pequenas e independentes que operam/vendem por meio de grandes marketplaces e que, suportadas pela infraestrutura da agregadora, podem multiplicar as suas vendas.

Para tornar realidade essa multiplicação dos resultados, as empresas agregadoras valem-se de uma robusta infraestrutura que passa a gerir as marcas de forma centralizada, oferecendo economia de escala na produção dos produtos, escala no marketing digital, ferramentas de gestão, infraestrutura financeira e uma equipe especializada em diversas práticas como SEO, CRM, comunicação e marketing, criação, logística, etc.

As agregadoras buscam adquirir marcas ainda em estágio de amadurecimento, mas que já possuem produtos sólidos e desenvolvidos. Marcas fortes e um público consumidor fiel (e muitas vezes nichado).

O recurso financeiro para fazer essas aquisições é decorrente das altas cifras de capital de risco levantadas com investidores. Tal configuração possibilita que grandes investidores possam alocar seu capital de forma estruturada em negócios pequenos e que podem apresentar um altíssimo potencial de crescimento, mas que usualmente estariam fora do radar desses fundos pelo seu pequeno porte.

Quem são eles
A maior parte dos agregadores está operando no mercado norte-americano e, por consequência, dedica-se integralmente a alavancar vendas no marketplace da Amazon. Cada agregador possui uma filosofia/visão de negócios diferente. Alguns focam em comprar muitas marcas pequenas (dezenas, centenas), já outros preferem comprar poucas marcas, porém mais desenvolvidas, com vendas mais consolidadas e uma base de clientes já estabelecida, assim como cada uma dessas empresas está montando uma plataforma/infraestrutura de alavancagem de vendas diferente e com enfoques distintos.

A maior e mais conhecida agregadora é a norte-americana Thrasio (nome inspirado em um guerreiro amazônico da mitologia grega), que levantou US$ 1,7 bilhões com investidores renomados como a Oaktree Capital, dando um valor de mercado para a empresa de US$ 4 bilhões. Desde sua fundação, em 2018, a Thrassio já comprou mais de 120 marcas que vendem mais de 15.000 produtos. Sua plataforma de alavancagem de vendas está principalmente baseada em serviços como suporte estratégico, laboratório de inovação, desenvolvimento de produtos, gerenciamento de reviews de consumidores, SEO, precificação, growth marketing, análise de performance, análise de dados, financeiro, supply chain, operação, gerenciamento de projetos, entre outros.

Outra empresa liderando esse mercado é a também norte-americana Perch. Com um posicionamento e uma infraestrutura similares ao da Thrassio, a empresa levantou US$ 900 milhões em capital de risco para sua estruturação e aquisições e deixa bastante claro no site qual o tipo de negócio/marca eles estão interessados em adquirir: empresas que vendem a maior parte dos seus produtos por meio do marketplace e da infraestrutura da Amazon (FBA – Fullfillment by Amazon), portfólio de produtos vencedores (alta demanda e alto giro), operando em categorias consolidadas e que já faturem US$ 1 milhão anualmente.

Os marketplaces evoluíram e amadureceram nos último dez anos e, como todos os mercados no mundo, quanto mais desenvolvidos, mais concentrados e mais competitivos eles se tornam. Os principais marketplaces globais, principalmente em mercados mais desenvolvidos como Estados Unidos, Europa Ocidental e Ásia, se tornaram ambientes de altíssima competição. Em mercados como esses, é esperado que se surja um movimento de concentração na busca de mais musculatura para tentar abrir vantagem frente à concorrência acirrada.

Amadurecimento e aumento da competição
Os marketplaces evoluíram e amadureceram nos último 10 anos e, como todos os mercados no mundo, quanto mais desenvolvidos mais concentrados e mais competitivos eles se tornam. Os principais marketplaces globais, principalmente em mercados mais desenvolvidos como Estados Unidos, Europa Ocidental e Ásia, se tornaram ambientes de altíssima competição. Em mercados como esses é esperado que surja um movimento de concentração na busca por mais musculatura para tentar abrir vantagem frente à concorrência acirrada.

Já do lado dos proprietários das marcas, integrar-se a um agregador faz sentido para elevar o seu negócio para novos patamares, assim como também é uma interessante porta de saída e de monetização do equity que foi construído.

Vale lembrar também que muitos agregadores oferecem seus serviços sem necessariamente comprar as marcas, permitindo a contratação dos seus serviços, como o acesso à sua plataforma, softwares, equipe, apoio para levantar capital, etc., permitindo uma aceleração e amadurecimento de um número de sellers ainda maior.

Dados esses movimentos, podemos antever que a conjuntura desses fatores só irá acelerar o crescimento da competição e da consolidação nesses ambientes de negócio.

No fundo, os agregadores fazem agora no ambiente on-line o conhecido e usual movimento de consolidação do varejo tradicional, mesma estratégia também usada por grandes indústrias de bens de consumo há muitas décadas.

E no Brasil?
O surgimento de grandes agregadores deve seguir o ritmo do próprio amadurecimento e desenvolvimento dos mercados digitais pelo mundo, ou seja, quanto mais maduro é um mercado, maior o número e influência dos agregadores nele.

Além disso, o modelo ainda é muito novo, está sendo testado no mercado norte-americano e precisa ser comprovado. Outro fator crucial para o seu desenvolvimento é existir um volume abundante de capital de risco no mercado (o que não necessariamente é o caso do Brasil).

Entendo que o mercado brasileiro ainda está em estágio de amadurecimento e que levará algum tempo para que tenhamos o surgimento de agregadores relevantes no País, mas claro que tudo pode mudar conforme os movimentos do mercado. Se por acaso surgir um investidor que entre no País com esse modelo ou quem sabe um dos grandes marketplaces passe a investir nesse modelo, essas ações aumentariam o awareness e poderia antecipar seu surgimento aqui em alguns anos.

Em contrapartida, mesmo com o necessário amadurecimento do digital no País, não podemos esquecer de que a transformação digital acelera rápido e foi impulsionada ainda mais pela pandemia, sendo imperativo que fiquemos à frente dos grandes movimentos de mercado para nos mantermos relevantes.

Fonte : https://mercadoeconsumo.com.br/2021/09/03/sellers-aggregators-e-o-seu-impacto-no-varejo-digital/

A jornada da transformação digital financeira e o comércio

O  sistema financeiro brasileiro passou por uma grande evolução no final de 2020 com a implementação do Pix pelo Banco Central (BC). Cada vez mais utilizado pela população, ele é cada vez mais importante como meio de pagamento.

A maior segurança dos usuários quanto aos pagamentos eletrônicos e as novas funcionalidades propostas ainda para 2021 imprimem tendência favorável na cultura de utilização do Pix. O open banking, ou sistema bancário aberto, expandirá ainda mais as fronteiras da tecnologia financeira, na jornada da transformação digital.

Na agenda de aprimoramento do Pix em 2021 está a possibilidade de saques em moeda, em que os estabelecimentos do varejo poderão oferecer o serviço de saques de valores aos consumidores. Espera-se com isso não só uma gestão mais eficiente de numerário, mas também a enorme ampliação dos pontos de saques pelo país, uma vez que o comércio, vale ressaltar, é um dos ramos da atividade econômica de maior capilaridade no território nacional. Além disso, a nova funcionalidade ampliará a inclusão financeira no Brasil.

Mas a grande vantagem da modalidade saque Pix ao varejo é a capacidade de atração de novos clientes aos pontos de venda. Para as lojas de micro e pequeno porte, os estabelecimentos de bairro, o saque Pix traz uma boa oportunidade ao negócio.

A pandemia provocou a restrição da mobilidade, e as pessoas passaram a demandar mais moeda em papel. Esse fenômeno curioso ocorre em todo mundo, como apontado pelos bancos centrais. O medo da crise sanitária fez crescer a busca por moeda, seja para pagamentos das transações de troca ou monetárias, seja para poupança ou guarda de valores.

Embora esse comportamento de certa forma contrarie o processo de modernização nos meios de pagamento, no Brasil ele segue evoluindo: o BC lançou a 1ª fase do open banking em 1º de fevereiro. A partir daí, as instituições financeiras participantes devem compartilhar os dados públicos da base de clientes, pontapé inicial do que podemos chamar de portabilidade bancária.

Na próxima etapa, os clientes passarão a escolher se desejam ou não que seus dados cadastrais e transacionais sejam compartilhados entre as instituições. Na 3ª fase será permitido o compartilhamento de serviços, como pagamentos e oferta de crédito, por exemplo. Tudo isso tem de estar de acordo com as diretrizes estabelecidas na LGPD.

open banking deve estar totalmente em funcionamento a partir de 15 de dezembro, quando se inicia a 4ª e última fase, dando às instituições financeiras acesso aos dados de demais serviços, como investimentos, seguros, dentre outros.

Todas essas importantes transformações estão conferindo agilidade nas operações bancárias e financeiras, eficiência nos serviços, e redução de custos. O consumidor é um dos maiores beneficiados com o aumento da concorrência entre os bancos, que culmina na redução dos preços dos serviços prestados. Além disso, com o perfil do indivíduo amplamente conhecido, será possível personalizar novos serviços específicos para cada necessidade.

As instituições financeiras também ganham, pois toda essa agenda culminará em menores custos de se relacionar com os clientes e na democratização no acesso à informação. Aumentará a possibilidade de entrada de novos empreendimentos no mercado, trazendo ganhos à economia como um todo.

Os objetivos do Banco Central com esses esforços são, além de seguir as tendências internacionais de sucesso, democratizar o sistema bancário, digitalizar informações e operações, aumentar a inclusão financeira, desburocratizar o acesso ao sistema financeiro, e, com isso, promover a desmonetização no país.

Entretanto, mesmo com todas as vantagens à sociedade, o open banking por exemplo só alcançará os objetivos se for realmente adotado pelos consumidores, ou seja, caso eles permitam o compartilhamento dos seus dados. Para que isso ocorra, as informações precisam ser claras e amplamente divulgadas, além do ambiente de compartilhamento de dados ser considerado seguro.

O BC tem se concentrado na disseminação das informações sobre o open banking ao lançar alguns manuais importantes: 1) manual de Interface de Programação de Aplicativos (APIs, sigla em inglês); 2) manual de serviços prestados pela estrutura responsável pela governança do open banking; 3) manual de escopo de dados e serviços; 4) manual de segurança e 5) manual de experiência do cliente.

Para aumentar o engajamento da população e comunicar a importância dessas novas ferramentas, o Banco Central poderia criar convênios e utilizar as estruturas das confederações nacionais, como a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) e a Confederação Nacional da Indústria (CNI), e até mesmo o Sebrae.

As instituições possuem grande capilaridade em todos os estados do Brasil por meio de suas Federações. Assim como todo o Sistema S, com o Sesc, Senac, e Sesi e Senai, por exemplo, pode ajudar bastante a propagar informação e conhecimento sobre as novas tecnologias financeiras.

Com essas medidas, o BC pode ganhar credibilidade e ampliar suas chances de sucesso na jornada da transformação digital e inclusão financeira. Apesar de todos os esforços do banco em oferecer um sistema bancário moderno e transparente, é primordial transmitir confiança para que os consumidores se arrisquem nesse novo mundo financeiro, e, nesse aspecto, o Sistema S pode ser um valioso aliado.

*Carlos Thadeu de Freitas Gomes, é economista-chefe da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo).

Fonte : poder360.com.br

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