De acordo com a associação, empresas esperam crescimento de até 20% na movimentação, em relação a 2022; alguns OLs aumentam em até 100% a sua capacidade operacional para atender a alta demanda.
Dados obtidos pela MField, especialista em marketing de influência, apontam um crescimento significativo na população brasileira que pretende comprar na Black Friday de 2023. Em 2022, 43,4% fizeram compras durante a data. Já neste ano, o percentual deve chegar a 75,6%, sendo a maioria das aquisições feitas em lojas online. Segundo a Neotrust, o ticket médio no período vem subindo cerca de 10% a cada ano e deve chegar perto de R$ 480 em 2023.
De acordo com a Associação Brasileira dos Operadores Logísticos (ABOL), os Operadores Logísticos (OLs) estão se preparando para atender a demanda, sobretudo devido à maturidade adquirida pelos consumidores brasileiros em relação ao e-commerce. Há OLs que possuem contratos de longo prazo com empresas cujo volume de vendas online deve aumentar 100% e até 200%.
Como resultado, a receita do OL também terá impacto positivo, ainda que em patamar inferior. Em paralelo, amplia-se também o número de vagas abertas no período, com preferência pela modalidade CLT com Prazo Determinado.
De modo geral, a associação constatou que os OLs que atuam no e-commerce pretendem contratar entre 30% a 100% a mais de colaboradores para aumentar sua capacidade operacional durante o período de pico.
No entanto, as admissões trazem um desafio recorrente: encontrar profissionais disponíveis no mercado que estejam devidamente capacitados para lidar com um alto volume de movimentação em um curto espaço de tempo. O desafio se torna ainda maior quando se fala em reter esses colaboradores durante o período inteiro para o qual foram contratados.
“O índice de turnover e absenteísmo costuma ser significativo. No ano passado, as empresas relataram níveis de 20% e 25% de ausência. O aprendizado ficou e, para este ano, como medida preventiva, há OLs contratando mais cedo e em percentual superior ao necessário, como é o caso da associada GEODIS, que optou por contratar 10% a mais”, afirmou a diretora-executiva da ABOL, Marcella Cunha.
Apesar das perspectivas otimistas, o incremento nos serviços de logística integrada dos OLs (transporte, armazenagem e gestão de estoque) variam conforme o nicho dos clientes, que vão desde a indústria da moda, alimentos e bebidas, até insumos e produtos inacabados para abastecer as indústrias e cadeias produtivas.
Ou seja, a análise de performance dos OLs referente ao B2C e B2B deve ser diferenciada, principalmente quando considerando as diferentes regiões do país, que têm passado por desafios naturais intensos, como a intensa seca no Norte e as chuvas constantes no Sul.
Atualmente, no Norte do país, em função da estiagem na região e secas de rios importantes para a navegação de cargas, vê-se uma dificuldade enorme no abastecimento das indústrias da Zona Franca de Manaus (B2B), tão fundamentais para a geração de riqueza para o País. Em termos de soluções de transportes, os OLs vêm ajustando e adaptando a intermodalidade de forma paliativa, combinando cabotagem, até onde ainda é possível, ao modal rodoviário.
ULTIMA MILHA
Em relação a B2C, a última milha (last mile), que é a etapa final do processo de entrega de uma mercadoria, segue sendo uma das principais prioridades dos Operadores Logísticos ao se prepararem para a chegada de mais uma Black Friday, afirmaram empresas filiadas ABOL ao responderem uma pesquisa interna desenvolvida pela entidade.
Com o alto nível de exigência do consumidor, cujo foco não está mais apenas na qualidade do produto, mas, sobretudo, no prazo de envio, as companhias estão cientes de que precisam estar prontas para proporcionar uma experiência completa ao consumidor final.
Ao observarem esse novo cenário, os OLs deixaram claro que é necessário garantir custos competitivos em termos de frete, e prazos de entrega exequíveis e realistas, pois ambos são pontos cruciais no momento da venda. Caso contrário, o cliente pode não fechar a compra ou ir em busca de outras alternativas.
ARMAZÉNS, CENTROS DE DISTRIBUIÇÃO E TRANSPORTES
Essa época do ano também costuma exigir do Operador Logístico a adoção de inovações dentro dos CDs e armazéns, como sistemas de altíssima ponta para o monitoramento em tempo real do processamento das etapas logísticas indoor e revisão da inteligência de malha para evitar desperdícios e retrabalho, melhorando a previsibilidade dos prazos para os clientes.
Além disso, algumas empresas estudam a implementação de tecnologias de automação, como o uso de robôs para picking (seleção dos produtos) e sistema de rastreamento de produtos baseado em IoT. Essas inovações podem acelerar o processo de separação de pedidos, reduzir erros e melhorar a visibilidade em tempo real do estoque.
A DHL, outra associada à ABOL, vem investindo em um software alemão especializado em previsão de demanda para fins logísticos, que já utiliza Inteligência Artificial e Machine Learning para resultados cada vez mais acurados. Essas informações não apenas subsidiam o planejamento logístico geral, como dão margem a outra etapa importante: o avanço dos estoques para posições estratégicas.
“Uma entrega ágil depende da proximidade dos consumidores e um estoque mais distante onera a etapa de transportes, portanto, o avanço de estoques para posições estratégicas no Brasil é uma forte tendência, cujo benefício pode ser capturado de forma mais ampla quando há o compartilhamento dessas estruturas com outras empresas. Desta forma, o custo fixo é dividido entre os parceiros”, disse a diretora-executiva da ABOL.
De acordo com Marcella, o crowdsourcing é uma das estratégias a ser fortemente adotada pelas empresas de logística, pois o modelo de terceirização aberto e compartilhado possibilita o incremento de capacidade em regiões específicas. Ela explica que as plataformas tecnológicas são úteis para mobilizar um grupo de entregadores locais na execução da última milha de pedidos despachados de centros de distribuição ou até para levar os itens da loja física aos consumidores finais.
“Observamos que a Black Friday também se tornou um momento importante para que os Operadores Logísticos testem novos sistemas e processos, sempre buscando melhorar a sua eficiência e produtividade, com foco em atender as expectativas de seus clientes e consumidores finais – que estão cada vez mais exigentes quando o assunto é prazo de entrega. Assim, a cada edição, adquirimos mais experiência e performamos de forma mais assertiva”, destacou Marcella.