Retail Metafusion: os exemplos de Magalu, Alibaba, Cacau Show e Chilli Beans no varejo

“Estamos vivendo a iminência de um novo ciclo no varejo, em um processo que caracterizamos como Retail Metafusion, que vai muito além do sentido atribuído a fusões financeiras.

E esse será o tema do Latam Retail Show de 2025: ‘Retail Metafusion: 10 years ahead’, como foi anunciado ao término do evento deste ano, na semana passada.

A inspiração vem das fusões físicas, em que as partes preservam suas características próprias, mas a resultante é mais forte e combina virtudes e competências de cada uma para reposicionar empresas, entidades, varejo, fornecedores de produtos, serviços, tecnologia e soluções em negócios e atividades, gerando impactos positivos nos negócios e na sociedade de forma ampla.

Além disso, elas podem assegurar oportunidades de crescimento, amadurecimento e expansão de atuação.

Deve ser uma alternativa ao processo de crescente competitividade, potencializada pela Inteligência Artificial, com seus impactos decisivos no emprego, nas operações, nas estratégias, nos modelos de negócio, na cultura e na gestão das organizações.”

E nos referimos à metafusão em sentido amplo, mais do que a integração de duas ou mais atividades. Ela pode ser vista como uma estratégia corporativa que vai além de uma fusão financeira ou aquisição, focando em combinar forças complementares de diferentes empresas para criar organizações mais resilientes, inovadoras, estruturadas e maiores para o futuro.

O que foi anunciado recentemente no Brasil, combinando competências e atuações entre Magalu e Alibaba em parte de suas atividades, sem uma fusão financeira ampla entre empresas, pode ser caracterizado também como Retail Metafusion, no sentido que propomos e que foi detalhado durante o Latam Retail Show, na semana passada.

Da mesma forma que Alê Costa expôs em sua apresentação, mostrando a amplificação da Cacau Show com os hotéis Bendito Cacao, a área de parques de entretenimento e agora com o licenciamento de produtos, dando uma nova dimensão à proposta da marca e dos negócios.

Ou como Caito Maia também destacou em sua participação, ao redimensionar estrategicamente e de forma ambiciosa a Chilli Beans, avançando para os cruzeiros e os drinks. Tudo isso vai muito além do simples licenciamento de marcas.

De forma similar, Publicis e Carrefour combinaram competências na França e no Brasil para desenvolver a área de retail media, de maneira diferente do que fez o Walmart, que criou o negócio Walmart Connect, como também foi mostrado no Latam Retail Show.

E isso é ainda diferente do que propusemos no passado como um estágio posterior, quando poderemos ter a criação dos Megaecossistemas de Negócios, com a combinação de diferentes ecossistemas, com atuação potencial complementar como varejo com educação, saúde, transporte ou alimentação, de forma ampla, ainda mais ambiciosa e visionária.

Neste estágio atual, que propomos como tema dominante na próxima década, esse tipo de “metafusion” buscará maximizar o potencial das empresas envolvidas ao integrar alguns ativos, tecnologias, marcas, capacidades operacionais e até cultura organizacional, com o objetivo de gerar valor superior ao que seria possível apenas por ganhos financeiros, potencializando negócios e “valuation”. Isso ocorrerá sem que as organizações percam sua essência, competências e atuação, mas avançando para serem maiores, mais protagonistas e resilientes.

Alguns elementos que caracterizam essa proposta são:

Complementaridade de capacidades e competências

Em vez de apenas somar ativos financeiros, a fusão busca unir capacidades e competências complementares. Uma empresa com forte presença digital, local ou global, pode se fundir com outra que tenha um grande alcance físico e experiência, capacidade e diferenciais no entendimento e atendimento de clientes locais. Essa combinação permite criar um sistema multicanal mais eficiente, melhorando tanto a experiência do cliente quanto a eficiência operacional e, principalmente, gerando resultados maiores, mais rápidos e assegurando liderança.

Cultura e valores

A fusão vai além dos aspectos financeiros e visa combinar aspectos da cultura corporativa das partes envolvidas. Empresas que compartilham valores comuns, como inovação, sustentabilidade e foco no cliente, tendem a avançar nesse processo de forma mais fluida, resultando em organizações mais estruturadas e alinhadas com propósitos e resultados mais tangíveis.

Inovação e visão de futuro

Ao combinar recursos, expertise e visão estratégica, essas fusões são feitas com uma perspectiva de longo prazo, focando na criação de novos mercados, no desenvolvimento de tecnologias e em soluções inovadoras que impulsionem a competitividade. A Retail Metafusion, portanto, é orientado para gerar empresas visionárias que antecipam mudanças de mercado e se reposicionam mais rapidamente.

Sustentabilidade e resiliência

A combinação de partes fortalece a capacidade das organizações envolvidas de enfrentar crises e desafios do mercado. Ao evoluir nesse modelo para diversificar ou criar um estágio superior em sua atuação e integrar diferentes canais de receita, cadeias de suprimentos ou mercados de atuação, a nova entidade resultante se torna mais relevante, ampliando suas competências e diminuindo sua vulnerabilidade a flutuações sociais, negociais e econômicas.

Para desafios crescentes, potencializados pela Inteligência Artificial, será preciso buscar alternativas inovadoras, ambiciosas e visionárias, combinando elementos para oferecer novas opções para o crescimento comum.

Visualizamos uma era disruptiva de evolução conceitual, financeira e organizacional, que demandará lideranças abertas e proativas para combinar elementos, como nas fusões físicas, somando e fortalecendo forças para trazer respostas e soluções aos desafios e oportunidades do presente e do futuro imediato. Vale refletir.

Fonte: “https://mercadoeconsumo.com.br/23/09/2024/artigos/retail-metafusion-os-exemplos-de-magalu-alibaba-cacau-show-e-chilli-beans-no-varejo/”

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