Ineficiência logística é uma das responsáveis pelo “custo Brasil”, diz especialista

Em um país com dimensões continentais como o Brasil, a realidade logística vivida na região sul, não é a mesma do sudeste. E a realidade da região norte também tem suas peculiaridades, que a diferem do nordeste e do centro-oeste.

A ofensiva comercial recente da Amazon no varejo brasileiro agilizou as intensões de entregas das empresas que já estavam por aqui antes da gigante norte-americana. Com realidades regionais tão discrepantes, as empresas do varejo precisam investir para atender aos clientes com suas necessidades particulares.

O assunto sobre as dificuldades e expectativas para o e-commerce atual foi tema de um painel de discussões durante a Fenatran, maior feira do setor de transporte de cargas da América Latina, em São Paulo.

Vivianne Vilela, Diretora Executiva do E-Commerce Brasil, disse que um dos desafios, quando se fala em logística não é mais a tecnologia. “Tecnologia nós temos. A questão é sobre segurança pública, por exemplo. A gente tem um problema sobre roubos de carga. E quando isso ocorre, o consumidor liga pra loja exigindo o produto, independentemente se ele foi roubado ou não. E a loja paga duas vezes pelo produto.”

Na opinião de Márcio Chaer, Gerente-geral de operações e atendimento da B2w, o chamado ‘custo Brasil’ está muito carregado pela logística. “Principalmente, pela ineficiência da infraestrutura logística do país. E no que diz respeito à processo, tecnologia e gente, eu digo que a tecnologia precisa ser acessível para todos”, acrescenta.

Eduardo Banzato, Diretor da IMAM Consultoria, comentou sobre um tipo de solução para o e-commerce. “Quando se analisa os dados, trabalhando bem essas informações, é possível planejar melhor a logística. Com isso, temos um operação otimizada. Nas nossas operações, temos muitas que “funcionam”. Isso é bom, mas se for “otimizada”, é melhor ainda, porque  funciona da melhor maneira. A gente elimina o que se chama hoje de perda invisível.

Logística: menor prazo de entrega

A redução no prazo de entrega, cada vez mais estimulada pela concorrência foi um dos temas mais debatidos pelos participantes. Questionado sobre a influência dessa redução do prazo por parte da Amazon, Chaer disse que para a B2W, nada mudou. “Nós não mudamos nossa estratégias. A gente entende que a Amazon é um player. Ele chega com maior ou menor velocidade. Mas nosso foco não é a Amazon. Nosso foco está centrado no cliente. Se o cliente quer um prazo menor, a gente term que ter capacidade de atender”, explicou Chaer.

“A Amazon, ajudou a gente a viabilizar operações, que já se viabilizavam no passado (e que ninguém acreditava), mas como a Amazon hoje faz, todo mundo diz ‘amém’”, comenta Eduardo Banzato, diretor da IMAM Consultoria. “Quando  a Amazon, com a B2W investiram nessas soluções, nós começamos a viabilizar coisas que não viabilizávamos no passado. E todos reconheceram que precisam seguir neste caminho. Isso é bom”, completou Eduardo.

Para uma entrega bem feita, é preciso pensar nos detalhes. Vivianne Vilela explicou que o fato da Amazon entregar em 24 horas, dentro do Brasil, não é novidade. “A Netshoes já fez isso há alguns anos”, lembrou Vivianne. “A drogaria Araújo foi a primeira rede de farmácias que começou a entregar em 40 minutos na grande BH, há mais de três anos”, complementou.

Ela lembrou que foi preciso vir um francês e um alemão e criar a Loggi para entregar qualquer coisa dentro da cidade. “Depois, outro francês e outro alemão criaram a Intelipost, para fazer a tradução do que as transportadoras entregam de comunicação. E depois veio a Rappi, que soube entender essa urgência por coisas.

Inteligência de dados

Vivianne acrescentou que a Rappi “é uma empresa de inteligência de dados, que está por trás de uma operação logística e que está sendo capaz de oferecer níveis de serviço, usando tecnologia para otimizar rotas e até oferecer um leque, um menu de fretes, de acordo com a necessidade”.

“O diferencial que tem da Amazon com relação às 24 horas de prazo para o frete é que ela não veio só com o transporte. Ela veio com um pacote de entretenimento e serviços, que são outra coisa”, comentou Vivianne.

Chaer acrescentou que “pensar em prazo, é uma questão importante , mas a gente se limita e não vai tão fundo quando se fala só em prazo. Nosso entendimento  é que o cliente, cada vez mais, quer conveniência. Prazo é uma vertente importante da conveniência. Mas ele quer muito mais que isso. Ele quer poder escolher onde retirar e onde receber.

Cliente

O cliente mudou. E é preciso pensar na melhor maneira de agradar esta pessoa. Chaer diz que “uma grande reflexão pra gente é como tornar a vida do cliente fácil e simples. A gente tem que investir nisso, em conteúdo, nessa fórmula, que é um conjunto de tecnologias, de processos, de pessoas qualificadas, de pensamento de inovação, pensamento inquieto. Quem ganha com isso, no final, é quem adquire e usa nossos serviços, seja ele qual for. No final de tudo, tem que ser muito bom para o cliente.

Vivianne Vilela finaliza dizendo que “no fim do dia, tudo o que a gente faz, pensa, cria, transforma, é pra gente. É gente fazendo negócio com gente, mediado por uma série de tecnologias. É bom entender de logística? É, sim. Pra gente! É bom, além de livro técnico, começar a ler algumas coisas sobre gente. É gente no fim do dia.”

 

Fonte : ecommercebrasiL.com.br

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