Como a Braspress refinou sua estratégia para explorar melhor uma nova frente de negócios

Empresa é a vencedora do anuário Época NEGÓCIOS 360º no setor de transportes.

Uma luz amarela se acendeu para a direção da Braspress quando recebeu a edição de Época NEGÓCIOS 360º de 2019. Depois de três anos seguidos como campeã setorial, a empresa aparecia em terceiro lugar entre as cinco primeiras colocadas. A partir daí, iniciou-se uma minuciosa análise sobre a empresa, seu modelo e sua operação. Uma questão intrigante: por que a queda, se a Braspress estava tecnicamente atualizada, sempre preocupada em inovar? A cada ano, a empresa investe 4,2% da receita bruta — de R$ 1,2 bilhão em 2019 — em pesquisa e desenvolvimento. A companhia já considerava trabalhar com o estado da arte em muitos dos equipamentos e procedimentos, caso da automação dos terminais, do armazenamento de dados em nuvem, do data center e dos links de comunicação.

Um segundo passo foi dissecar o modelo e as metas. A empresa estava bem preparada para atender o mercado. Mas qual mercado? Até então, predominantemente o da entrega de fabricantes para lojas, o B2B. E se isso mudasse, como já indicava o crescente movimento do e-commerce, e as entregas para pessoas físicas, o B2C, passasse a ser mais interessante? “Percebemos que não tínhamos isso muito bem definido, não”, afirma Urubatan Helou, fundador e presidente da Braspress. “Foi um chamamento.”

A companhia descobriu que seria possível gerar muito valor adicional com a mudança. Decidiu investir e ampliar o segmento de B2C. Nem contava com a ajuda que viria do acaso: a chegada do novo coronavírus em 2020, o mundo em quarentena e a disparada das compras online por consumidores.

Esse movimento já encontrou a empresa preparada com sistemas para entrega na última milha, jargão do setor para a entrega ao cliente final. Entregar 80 calças jeans a uma loja é uma coisa; entregar cada uma a um usuário final é bem outra. Por estar preparada, a Braspress conseguiu compensar a perda de 25% do movimento do negócio B2B com o aumento na plataforma B2C. A reflexão corporativa mostrou que a campeã ainda precisa refinar seu entendimento desse consumidor final — e observá-lo mais de perto. O resultado começou a aparecer em 2019 e firmou-se em 2020. A entrega ao consumidor final representava, nos últimos anos, 2,5% do faturamento da empresa. Até o final de 2020 deverá, pelas contas de Helou, aproximar-se dos 30%.

Não foi um reposicionamento fácil para uma companhia com 110 filiais no país e perto de 8 mil funcionários diretos. Para comandar a transição, a Braspress treinou 25 pessoas, das quais cinco dedicadas exclusivamente a P&D. “Fizemos uma profunda reengenharia”, diz Helou. “Ampliamos o banco de dados, aperfeiçoamos a automação, treinamos e capacitamos gente em inovação e fortalecemos a plataforma digital.”

Fazer autoanálise leva também a boas revelações. A companhia passou a valorizar mais o que já faz bem e a diferencia de outras. Havia iniciativas regulares para garantir um bom ambiente de trabalho, promover reciclagem, captar e reutilizar água da chuva — a Braspress é a primeira do setor em Sustentabilidade.

BRASPRESS

Data de fundação: 1977

Número de funcionários: 7.812

Sede: São Paulo

Receita Líquida em 2019: R$ 1,1 bilhão

Origem do capital: Brasil

Fonte : epocanegocios.com.br

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